O que é Espiritismo?

No vasto deserto da existência, onde o homem busca compreender seu destino, surge o Espiritismo como um oásis de conhecimento e consolo. Codificado por Allan Kardec, um sábio cuja mente investigadora não se satisfazia com dogmas vazios, essa doutrina se fundamenta na imortalidade da alma, na reencarnação e na justiça divina. Como um viajante que estuda as pegadas na areia para compreender o passado e prever o futuro, Kardec analisou os fenômenos espirituais com a precisão de um cientista e a sensibilidade de um filósofo.

As Primeiras Manifestações e o Interesse de Kardec

Antes que Allan Kardec, cujo verdadeiro nome era Hippolyte Léon Denizard Rivail, desse forma à doutrina, o mundo já assistia a fenômenos espirituais intrigantes. As famosas "mesas girantes" na Europa do século XIX despertaram curiosidade e espanto. Objetos se moviam sem contato aparente, sons inexplicáveis ecoavam nos salões aristocráticos, e mensagens eram transmitidas por meios incompreensíveis à ciência da época.

Kardec, inicialmente cético, aproximou-se dessas manifestações com o olhar atento de um investigador. Questionou, experimentou e organizou as respostas dos Espíritos, percebendo que havia ali algo além do mero acaso. Assim, nasceu sua missão: revelar ao mundo as leis espirituais que regem nossa existência.

O Espiritismo segundo Allan Kardec

Kardec definiu o Espiritismo como "uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal" (O Livro dos Médiuns). A doutrina se estrutura em três pilares fundamentais:

• Ciência: Examina os fenômenos espirituais de forma racional e experimental, como um estudioso que analisa cada vestígio da verdade.

• Filosofia: Responde às questões sobre a vida, a morte e o propósito da existência.

• Religião: Inspira-se nos ensinamentos morais de Jesus Cristo, promovendo o amor ao próximo e a caridade.

A Codificação Espírita

Após meticulosa investigação, Kardec reuniu as mensagens dos Espíritos e publicou, em 1857, O Livro dos Espíritos, obra que lançaria as bases do Espiritismo. Sua codificação compreende ainda:

• O Livro dos Espíritos (1857): Expõe os princípios fundamentais da doutrina.

• O Livro dos Médiuns (1861): Trata da mediunidade e da comunicação com os Espíritos.

• O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864): Apresenta a interpretação moral dos ensinamentos de Jesus.

• O Céu e o Inferno (1865): Discute a justiça divina segundo o Espiritismo.

• A Gênese (1868): Relaciona ciência e Espiritismo, explicando a criação do universo e os milagres.

A Importância do Espiritismo

Como um farol a iluminar a noite, o Espiritismo oferece ao ser humano a compreensão de sua jornada. Não impõe dogmas, mas convida ao estudo e à reflexão. Ensina que a morte não é o fim, mas apenas uma passagem, e que cada ação semeada terá sua colheita.

A quem deseja iniciar essa caminhada, O Livro dos Espíritos é o primeiro passo, um convite à descoberta. E para aqueles que buscam aprender mais, os centros espíritas são portas abertas para o conhecimento e o auxílio fraterno. Afinal, como ensinam os Espíritos, "fora da caridade não há salvação".

Trechos de Prolegômenos, do Livro dos Espíritos

“As comunicações entre o mundo espírita e o mundo corporal estão na natureza das coisas e não constituem nenhum fato sobrenatural. Por isso, delas se encontram vestígios entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje, elas são gerais e patentes para todo o mundo.

Os Espíritos anunciam que os tempos marcados pela Providência, para uma manifestação universal, são chegados, e que, sendo os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, sua missão é instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

A imagem acima é fac-símile daquela que foi desenhada pelos Espíritos, e foi orientado para que coloque na cabeça do livro (Livro dos Espíritos).

“… ela é o emblema do trabalho do Criador; todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o espírito nela se encontram reunidos: o corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou o espírito unido à matéria é o grão. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o espírito adquire conhecimentos.”

(Prolegômenos - Livro dos Espíritos - Allan Kardec)